Páginas

sábado, 19 de abril de 2014

Diferenciando Surdocegueira de Deficiência Múltipla


Descrição da foto - Professora ensina ao seu aluno com surdocegueira de 7 anos a comunicação em língua de sinais.

Inicialmente partiremos de uma rápida conceituação a fim de elucidar tais abordagens de maneira informativa e devidamente esclarecedora. Devemos, antes de tudo, entender o sentido da própria colocação da palavra surdocegueira unida, ou seja, sem o uso do hífen ou qualquer tipo de separação. Pois bem, a surdocegueira não implica uma soma entre duas deficiências tais como a surdez e a cegueira e sim, decreta uma multiplicação determinando a existência de uma deficiência que deve ser abordada de forma única e especifica.  Dito isso, a surdocegueira é uma terminologia adotada mundialmente para se referir a pessoas que tem perdas visuais e auditivas concomitantes em graus diferentes.



Descrição da foto: Calendário utilizado por uma criança com deficiência múltipla: surdez associada à deficiência intelectual.

 A deficiência múltipla, como sugere a própria palavra, define a pessoa que apresenta mais de uma deficiência podendo ser ela mental e auditiva, visual e auditiva e autismo entre outras. “É uma condição heterogênea que indica diferentes grupos de pessoas, revelando associações diversas de deficiências que afetam, mais ou menos intensamente, o funcionamento individual e o relacionamento social” (MEC/SEESP, 2002).
“O termo deficiência múltipla tem sido utilizado, com frequência, para caracterizar o conjunto de duas ou mais deficiências associadas, de ordem física, sensorial, mental, emocional ou de comportamento social. No entanto, não é o somatório dessas alterações que caracterizam a múltipla deficiência, mas sim o nível de desenvolvimento, as possibilidades funcionais, de comunicação, interação social e de aprendizagem que determinam as necessidades educacionais dessas pessoas.” (MEC – 2006)

Entendido e explanado a diferença dos dois conceitos cabe respaldar as dificuldades e os caminhos a serem percorridos para o desenvolvimento de ambos. Visto a dificuldade tratada por Innes (1999) das pessoas com surdocegueira de observar, compreender e imitar devido a combinação de perdas, técnicas como mão-sobre-mão (onde o professor coloca a sua mão sobre a do aluno conduzindo e orientando o movimento) e mão-sob-mão (onde a mão do professor estará posicionada a baixo da do aluno de modo a orientar sem controlar o movimento) são de extrema valia no que diz respeito ao ensino e incentivo do uso por parte dessas pessoas de sua visão e audição residuais bem como outros sentidos remanescentes desenvolvendo outras informações sensoriais que promovam sua curiosidade.
Buscando semelhanças nas necessidades das pessoas pelos dois grupos enaltecemos a importância do desenvolvimento corporal como forma de descobrir o mundo e a si mesmo. Para isso, devemos buscar a sua verticalidade, o equilíbrio postural, a articulação; a harmonização dos seus movimentos; a autonomia em movimentos e deslocamentos; o aperfeiçoamento das coordenações viso motora, motora global e fina; e o desenvolvimento da força muscular. Caso não apresentem graves problemas motores, devem aprender a usar as duas mãos podendo até mesmo auxiliar no desenvolvimento de um sistema estruturado de comunicação e diminuindo a existência de eventuais estereotipias motoras. Finalmente, devido às dificuldades apresentadas é comum o surgimento de algum tipo de imitação na comunicação e no processamento e elaboração de informações recolhidas do seu entorno resultando em prejuízos no processo de simbolização das experiências vividas. Portanto, é imprescindível a disponibilização de recursos para favorecer a aquisição da linguagem estruturada no registro simbólico.
Já que tratamos da comunicação no parágrafo anterior, convém reforçar que todas as interações de comunicação devem respeitar a individualidade e a dignidade de cada aluno. Quando nos referimos a uma pessoa que possui a necessidade de ter alguém que sirva de mediador do mesmo com o meio existe o estabelecimento de códigos comunicativos entre a pessoa com deficiência e o receptor, tendo este a responsabilidade de ampliar o conhecimento do mundo ao redor dessa pessoa, visando lhe proporcionar autonomia e independência.  Levanto em consideração que todos se comunicam, mesmo que em diferentes níveis de simbolização, para melhor compreender a intenção do aluno de se comunicar e responder é necessário estar atento ao contexto no qual os comportamentos e as manifestações ocorrem bem como sua frequência.



Nenhum comentário:

Postar um comentário