Descrição da foto - Professora ensina ao seu aluno com surdocegueira de 7 anos a
comunicação em língua de sinais.
Fonte: http://alternativainclusiva.blogspot.com.br/2012/04/cartoes-com-desenhos-braille-e-desenho.html
Inicialmente
partiremos de uma rápida conceituação a fim de elucidar tais abordagens de
maneira informativa e devidamente esclarecedora. Devemos, antes de tudo,
entender o sentido da própria colocação da palavra surdocegueira unida, ou
seja, sem o uso do hífen ou qualquer tipo de separação. Pois bem, a
surdocegueira não implica uma soma entre duas deficiências tais como a surdez e
a cegueira e sim, decreta uma multiplicação determinando a existência de uma
deficiência que deve ser abordada de forma única e especifica. Dito isso, a surdocegueira é uma terminologia adotada mundialmente para se referir
a pessoas que tem perdas visuais e auditivas concomitantes em graus diferentes.
Descrição da foto: Calendário utilizado
por uma criança com deficiência múltipla: surdez associada à deficiência intelectual.
A deficiência múltipla, como sugere a própria
palavra, define a pessoa que apresenta mais de uma deficiência podendo ser ela
mental e auditiva, visual e auditiva e autismo entre outras. “É uma condição
heterogênea que indica diferentes grupos de pessoas, revelando associações
diversas de deficiências que afetam, mais ou menos intensamente, o funcionamento
individual e o relacionamento social” (MEC/SEESP, 2002).
“O termo deficiência múltipla tem sido utilizado,
com frequência, para caracterizar o conjunto de duas ou mais deficiências
associadas, de ordem física, sensorial, mental, emocional ou de comportamento
social. No entanto, não é o somatório dessas alterações que caracterizam a
múltipla deficiência, mas sim o nível de desenvolvimento, as possibilidades
funcionais, de comunicação, interação social e de aprendizagem que determinam
as necessidades educacionais dessas pessoas.” (MEC – 2006)
Entendido e explanado a diferença dos
dois conceitos cabe respaldar as dificuldades e os caminhos a serem percorridos
para o desenvolvimento de ambos. Visto a dificuldade tratada por Innes (1999)
das pessoas com surdocegueira de observar, compreender e imitar devido a
combinação de perdas, técnicas como mão-sobre-mão (onde o professor coloca a
sua mão sobre a do aluno conduzindo e orientando o movimento) e mão-sob-mão (onde
a mão do professor estará posicionada a baixo da do aluno de modo a orientar
sem controlar o movimento) são de extrema valia no que diz respeito ao ensino e
incentivo do uso por parte dessas pessoas de sua visão e audição residuais bem
como outros sentidos remanescentes desenvolvendo outras informações sensoriais
que promovam sua curiosidade.
Buscando semelhanças nas necessidades
das pessoas pelos dois grupos enaltecemos a importância do desenvolvimento
corporal como forma de descobrir o mundo e a si mesmo. Para isso, devemos
buscar a sua verticalidade, o equilíbrio postural, a articulação; a
harmonização dos seus movimentos; a autonomia em movimentos e deslocamentos; o
aperfeiçoamento das coordenações viso motora, motora global e fina; e o
desenvolvimento da força muscular. Caso não apresentem graves problemas
motores, devem aprender a usar as duas mãos podendo até mesmo auxiliar no
desenvolvimento de um sistema estruturado de comunicação e diminuindo a
existência de eventuais estereotipias motoras. Finalmente, devido às
dificuldades apresentadas é comum o surgimento de algum tipo de imitação na
comunicação e no processamento e elaboração de informações recolhidas do seu
entorno resultando em prejuízos no processo de simbolização das experiências
vividas. Portanto, é imprescindível a disponibilização de recursos para
favorecer a aquisição da linguagem estruturada no registro simbólico.
Já que tratamos da comunicação no parágrafo
anterior, convém reforçar que todas as interações de comunicação devem
respeitar a individualidade e a dignidade de cada aluno. Quando nos referimos a
uma pessoa que possui a necessidade de ter alguém que sirva de mediador do
mesmo com o meio existe o estabelecimento de códigos comunicativos entre a
pessoa com deficiência e o receptor, tendo este a responsabilidade de ampliar o
conhecimento do mundo ao redor dessa pessoa, visando lhe proporcionar autonomia
e independência. Levanto em consideração
que todos se comunicam, mesmo que em diferentes níveis de simbolização, para
melhor compreender a intenção do aluno de se comunicar e responder é necessário
estar atento ao contexto no qual os comportamentos e as manifestações ocorrem bem
como sua frequência.